A Loja Maçônica Amazonas Nº 02 foi fundada em Manaus no dia 4 de março de 1877 por um grupo de vinte e três obreiros que se reuniram, sob sigilo e reverência, para dar início a uma nova oficina Maçônica. A reunião foi conduzida sob os auspícios do Sapientíssimo Grande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brasil, então autoridade máxima da Maçonaria no Brasil.
Número 02 por tratar-se de apenas a segunda Loja Maçônica da cidade e arredores, atrás apenas da Loja 01, Esperança e Porvir (rua Bernardo Ramos).
Em uma sessão memorável, foi eleito como Venerável (Presidente da Loja) Interino o Irmão Francisco Públio Ribeiro Bittencourt, figura de destacada liderança, que veio a ter papel fundamental na consolidação da Loja. Ao seu lado, compuseram o quadro de Luzes e Oficiais os Irmãos Ismael Cesar Pais Barreto (1º Vigilante), Carlos Gavinho Viana (2º Vigilante), Raimundo da Silva Moya (Orador), Bernardo José de Souza (Secretário), Vicente Pinto de Miranda (Tesoureiro), Joaquim Pinto Ribeiro (Cobridor), José Maria da Silva (Hospitaleiro), Francisco Bento de Sá (Chanceler) e Gregório Muniz de Medeiros (Mestre de Cerimônias).
Na mesma ocasião, decidiu-se que o nome da nova Loja seria “Amazonas”, uma escolha simbólica e representativa do lugar que a Oficina ocuparia na história da Maçonaria no norte do Brasil. Adotando inicialmente o Rito Adonhiramita, a Loja iniciaria seus trabalhos com propósito elevado e missão bem definida: “dedicar-se à Caridade e à Virtude”, conforme estabelecido na ata de sua fundação em 1877.
Nos primeiros anos, as reuniões eram realizadas em residências de seus próprios membros. A primeira sessão ocorreu na casa do Irmão Manoel Joaquim Portilho Sentes. Em seguida, a Loja passou pela residência do Irmão Vicente Pinto de Miranda, depois para o sobrado do Irmão Joaquim Pinto Ribeiro e, posteriormente, utilizou o Templo da Loja Esperança e Porvir N. 01, até finalmente conquistar sua sede definitiva. A inauguração do Templo próprio da Loja Amazonas aconteceu em 25 de março de 1899, sendo celebrada com grande solenidade e destacada cobertura nos jornais da época.
Desde sua fundação, a Loja Amazonas nº 2 projetou-se como uma força viva nos grandes movimentos cívicos e sociais do Amazonas. Em 1884, participou ativamente da campanha abolicionista ao realizar sessões públicas de entrega de cartas de alforria, promover conferências populares e fundar um jornal de propaganda emancipadora. Obreiros da Loja contribuíram financeiramente para a compra da liberdade de pessoas escravizadas e impulsionaram, com coragem, o ideal da igualdade em praça pública, quatro anos antes da abolição oficial no país.
Pela relevância de sua atuação, a Loja recebeu do então Presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca, o título de Benemérita da Ordem Maçônica Brasileira. Em 1927, ao completar cinquenta anos de regularização, foi agraciada com o título de Grande Benemérita, em reconhecimento à sua trajetória exemplar de serviços prestados à Maçonaria e à sociedade amazonense.
Ao longo das décadas, a Loja também fundou importantes instituições de assistência social, como a Sociedade Beneficente Amazonas, criada em 1885, e o Dispensário Maçônico, inaugurado em 1915 com o objetivo de socorrer os mais necessitados de Manaus.
Seu Templo histórico, inaugurado em 1899, tornou-se ponto de encontro de grandes nomes da história nacional. Em 1921, por exemplo, recebeu a visita do ex-Presidente da República e Grão-Mestre Honorário da Ordem Maçônica, Irmão Nilo Peçanha, cuja presença foi celebrada com sessões solenes e placas comemorativas. A Loja manteve-se fiel ao ideal da neutralidade política no interior de seus trabalhos, reafirmando sua vocação para a conciliação, o serviço e o bem comum.
Mais de um século depois, os ideais que inspiraram os fundadores da Loja Amazonas nº 2 permanecem vivos. E hoje, com o mesmo espírito fraterno e compromisso com a virtude, seguimos construindo um legado baseado nos princípios da Virtude e Caridade.
